Crédito imagem: © Ronald Knapp
O Conselho de Administração do OPART, E.P.E. informa que Ivan van Kalmthout é o novo Diretor Artístico do Teatro Nacional de São Carlos, com entrada em funções a partir de 1 de julho próximo.
O procedimento de seleção internacional iniciou-se em fevereiro e acolheu 22 candidaturas de todo o mundo que em muito dignificaram este procedimento. A todos os candidatos agradecemos o envolvimento e as propostas enviadas.
Nas palavras do júri (presidido por Conceição Amaral, Presidente do Conselho de Administração do OPART, E.P.E.) e apesar da qualidade das candidaturas que passaram à fase final de seleção, a candidatura de Ivan van Kalmthout distinguiu-se “pela sua apresentação programática para a realidade dos próximos anos, aliada ao sólido curriculum e longa experiência de direção artística, gestão e programação de corpos artísticos”.
Deixamos também um agradecimento aos elementos do júri, externos ao OPART, Delfim Sardo, Nuno Carinhas e Rui Vieira Nery, pelo seu envolvimento e dedicação ao longo de todo o processo.
Justificação do júri
Considerou o Júri, Conceição Amaral, Delfim Sardo, Nuno Carinhas, Rui Morais e Rui Vieira Nery, que apesar da qualidade das cinco candidaturas selecionadas para a Fase de Entrevistas, a de Ivan van Kalmthout distinguiu-se pela melhor e mais adequada carta de motivação e de apresentação programática para a realidade dos próximos anos e pela sua visão estruturada de um trabalho a ser feito nas várias vertentes da direção artística e da gestão interna e externa de um teatro lírico sem palco próprio. Nos seus 10 pilares da apresentação programática resumiu de forma coerente, séria e realista um programa claro e totalmente alicerçado e enquadrado na missão do TNSC.
Aliada ao seu sólido curriculum e percurso profissional e artístico e especialização profissional em direção artística de teatros líricos europeus durante vários anos (Diretor Artístico da Staastoper Unter den Linden (Berlim) e de Adjunto do Diretor Artístico e posteriormente Diretor artístico interino do Gran Teatre del Liceu (Barcelona), e a associada gestão de equipas artísticas, técnicas e de comunicação, a candidatura de Ivan van Kalmthout granjeou a validação por parte do júri como o perfil desejado para o desafio de direção artística em tempos de mudança e de incerteza durante o período de encerramento ao público do Teatro Nacional de São Carlos e de preparação da reabertura em 2026.
Foi relevante também o seu conhecimento da realidade atual do mundo lírico que advém do seu trabalho desenvolvido nos últimos anos no âmbito de concursos internacionais, como Diretor-Geral do Concurso Internacional de Canto de ‘s-Hertogenbosch, e como Diretor executivo do Mahagonny Opera Group (Londres) na produção de ópera contemporânea.
A capacidade de adaptação a contextos geográficos tão diferentes e a sua capacidade de comunicação aliada ao facto de dominar 6 a 7 línguas, certamente facilitarão a sua integração rápida nas equipas e o constante contacto internacional que o TNSC necessita.
O seu projeto para o Teatro Nacional de São Carlos, no período complexo de transição que corresponde ao início das obras e à consequente necessidade de uma programação articulada com outros palcos da cidade e do País, durante o encerramento ao público, apresenta uma proposta ambiciosa mas realista, que equilibra a apresentação do repertório canónico com a abertura à composição contemporânea, bem como a inserção na rede internacional de produção operática com a aposta no desenvolvimento da carreira de jovens intérpretes nacionais e na promoção do repertório português, ao mesmo tempo que visa a formação de novos públicos e o reforço do programa educativo do Teatro em permanente articulação com os parceiros do território nacional e com os seus congéneres europeus.
Na proposta que Ivan Van Kalmthout apresentou, enunciou também questões pertinentes que advêm da sua já longa experiência organizativa, fundamentadas e reflexivas sobre situações similares em dificuldades logísticas, ou outras, que aliam um muito oportuno equilíbrio entre possibilidade, qualidade e planeamento. “Fazer funcionar” parece ser o atributo inegável do candidato, tanto para dentro, na relação com os quadros artísticos e técnicos, quanto para fora, pensando estratégias de captação de públicos, relacionamento com as escolas, criação de um centro de estudo (de sublinhar a atenção inscrita na proposta aos Estúdios Victor Cordón) ou o diálogo com teatros congéneres. A sua experiência profissional e artística confere-lhe um conhecimento invejável para uma travessia, difícil, mas estimulante, como Diretor Artístico do TNSC, que se deseja transformadora de um teatro sem casa, até à sua abertura renovada. Por fim, a sua especialidade em programas de gestão artística, técnica e de produção aliada à capacidade de liderança de conflitos não são atributos despiciendos.